Por alumia
Promovido pelo Governo do Estado, com procedimentos contratados a uma fundação privada de Campina Grande, um mutirão oftalmológico realizado no dia 15 de maio deste ano no Hospital das Clínicas, naquela cidade, resultou em danos aos olhos e suposta perda de visão de alguns pacientes atendidos.
O Alumia investigou a cobertura jornalística do caso. Constatou que até o final de maio a imprensa paraibana não havia informado com exatidão quantos realmente teriam ficado ‘cegos’, quantos foram prejudicados e o nível de gravidade que afetou a saúde ocular de cada um que recorreu ao mutirão.
Como se fosse pouco, o fato praticamente sumiu do noticiário após ser noticiado e comentado intensamente entre 16 e 22 de maio. A única atualização encontrada pelo Alumia veio a público quinta-feira (29), sobre o inquérito instaurado pela Polícia Civil e o Ministério Público da Paraíba.
O resultado da investigação policial deve ser divulgado em breve, espera-se. Mas uma investigação jornalística poderia já ter desvendado e se antecipado na revelação de detalhes relevantes sobre o mutirão, a exemplo da suposta medicação vencida aplicada pela entidade contratada.
Apenas três casos de perda de visão temporária foram relatados, entre os quais o da pedagoga Errta Rianny, internada no dia 20 de maio no Hospital Metropolitano de Santa Rita. Diz ter usado colírio que venceu em janeiro deste ano e lhe foi prescrito após ser atendida no mutirão campinense.
Foto do colírio exposto pela pedagoga foi publicada pelo G1PB na sexta-feira (30), mas não aparece o nome do medicamento nem o da empresa que o fabricou. E de qualquer modo continua em mistério o medicamento supostamente vencido aplicado durante os procedimentos no hospital campinense.
Da mesma forma, porque as matérias jornalísticas sobre o caso nada trouxeram até aqui, também são desconhecidas a identidade, a origem e a responsabilidade pela aplicação do fármaco que causou tantas dores e transtornos a um número de pessoas igualmente indeterminado e indefinido.
Talvez o público já soubesse de tais informações se o jornalismo que cuidou do mutirão oftalmológico denunciado tivesse questionado devidamente as partes diretamente envolvidas: Secretaria de Estado da Saúde (SES), Fundação Rubens Dutra Segundo (contratada pela SES) e Hospital das Clínicas.
Outras fontes que poderiam ser consultadas, com legitimidade para informar, esclarecer e orientar: Conselho Regional de Medicina da Paraíba (CRM-PB), Sindicato dos Médicos da Paraíba (Simed-PB) e Sociedade Paraibana de Oftalmologia (SPO).
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Sites jornalísticos averiguados pelo Alumia nesta apuração: G1PB, Jornal da Paraíba, Portal Correio, Polêmica Paraíba, ClickPB e MaisPB