Por rubens nobrega
Com termos supostamente científicos, fazendo propaganda flagrantemente negacionista, homem identificado como João Bittencourt (foto) aparece em vídeo no qual atribui a morte da cantora Preta Gil às vacinas que ela teria tomado.
Usuário do perfil titosantos6512 no TikTok, o vídeo contra as vacinas começou a circular na noite de domingo (21), logo após o anúncio da morte da artista, de 50 anos, que fazia tratamento experimental contra câncer nos Estados Unidos.
Cópia do vídeo, recebida por membro do Alumia, veio com alerta do remetente de que o conteúdo da gravação seria replicado por mais de 270 mil seguidores do autor, para quem Preta morreu porque “tomou todas as doses da picadinha”.
“Dentro dessas picadinhas, existem três substâncias: a luciferina, o grafeno e a spike (…) Que, quando entra na tua corrente sanguínea, ela começa coagulando teu sangue, ocasionando parada cardíaca, trombose e AVC (acidente vascular cerebral)”, diz o pretenso influenciador.
Na sequência, João garante que a ‘picadinha’ mata células “boas” e ativa células “cancerígenas”, induzindo quem o assiste a acreditar que vacinas baixam imunidade e deixam a pessoa exposta a doenças como as contraídas por Preta Gil.
João Bittencourt ainda prevê que até 2030 “você vai ver muita gente morrendo de doenças do coração, AVC, câncer e Aids”. Por culpa das vacinas, como “arma biológica” de um sistema que projeta reduzir à metade a população mundial.
O Alumia vasculhou na Internet – e não encontrou – qualquer notícia confiável ou informação científica que vincule a qualquer vacina o agravamento da saúde de Preta, que em vida sempre defendeu as campanhas de vacinação.
ESCLARECENDO SOBRE AS ‘SUBSTÂNCIAS’
Luciferina é molécula da bioluminescência, que “acende” os vaga-lumes. Grafeno vem do carbono e é excelente condutor de eletricidade. Spike é proteína que os cientistas dominam e usam nas vacinas para preparar o organismo humano a se proteger contra o vírus da Covid.
“É falso afirmar que a proteína spike é produzida permanentemente após a vacinação. O RNA usado nas vacinas é uma molécula instável e se degrada rapidamente, geralmente em torno de 30 dias, conforme evidenciado por estudos. Assim, o corpo tende a produzir a proteína spike neste período, o que é suficiente para treinar o sistema imunológico”, explica o Ministério da Saúde.
O órgão esclarece ainda: “Alegações de que a proteína spike das vacinas causa danos ao corpo não têm base científica (…) As vacinas utilizadas pelo Programa Nacional de Vacinação contra a covid-19 foram aprovadas pela OMS e passam por rigorosos testes antes de serem liberadas ao público”.
Além disso, as vacinas aplicadas no Brasil contra a covid foram aprovadas pelas principais agências reguladoras do mundo, como a Food and Drug Administration (FDA), dos Estados Unidos, “com base em dados robustos que comprovam sua segurança e eficácia”.
SEM POSTAGEM DO VÍDEO
A Coordenação do Alumia decidiu não repostar o vídeo antivacina produzido e distribuído por João Bittencourt, considerando o engajamento nocivo e a desinformação que pode causar.